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A Onda

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O filme é baseado em factos reais, numa experiência chamada "The Third Wave" onde o professor Ron Jones questionou

os seus alunos da génese de um movimento como o nazismo. No filme a discussão é a mesma sendo que a questão que se coloca : Será possível viver uma nova ditadura na Alemanha? Inserida num projecto de uma semana, o professor incute-lhes alguns princípios adoptados pelo regime como a importância de unicidade num grupo, a utilização de uniformes, uma postura correcta e ordenada. O certo é que os alunos começam a adoptar essa postura e começam a aceitar e interiorizar esses mesmos conceitos e como uma mancha o projecto começa a ganhar novos adeptos chegando a proporções que levam a um clímax dramático. Tecnicamente o filme não é n enhuma obra prima, as actuações do elenco jovem estão seguras e não desiludem. Podíamos estar perante um objecto menor do calibre de "Morangos com Açúcar" mas não é o caso, se bem que inevitavelmente existem alguns clichés próprios de este género de filmes (o caso mais recente Twilight), "A Onda" preocupa-se mais em transmitir a sua mensagem e fá-lo de forma natural sem nunca o tornar forçado. A única crítica de maior que reitero é relativamente ao final. Sem querer dar qualquer tipo de "spoilers" e sem co nhecer a veracidade dos factos é inegável que se obtém a resposta à questão principal do filme, porém a mensagem que esse final transmite pode levar a outras interpretações algo falaciosas e erráticas, isto porque a percepção com que se fica é que o filme atinge o seu clímax dramático final por força de argumento, sendo que a verdade ficcional impera sobre a realidade num opus de dramatismo e de tragédia algo exagerado, mas eficaz em termos de impacto em públicos mais susceptíveis. Numa sociedade cada vez mais ambivalente em termos de valores culturais, isentos de qualquer tipo de ordenação e cada vez mais descaracterizadas, basta uma pessoa com carisma suficiente a oferecer um sentido de ordem, unidade e identidade a um grupo, que facilmente moverá massas. Crítico sem nunca cair no burlesco " A Onda" é um pequeno grande filme a ser descoberto antes que se desvaneça no oceano de oferta cinematográfica que aí vem!

etc. o doutrinamento pró-totalitarismo ocorre no âmbito universitário. pode conscientizar os estudantes sobre o poder doutrinário dos movimentos ideológicos políticos ou religiosos. palavras de ordem e a adoração a um suposto ³grande líder´ se repetem na história da humanidade: aconteceu na Alemanha nazista. O uso de slogans. em Palo Alto. Os estudantes o obedecem cegamente. Com a derrota do nazi-fascismo na 2ª. Disciplina e Superioridade´. Guerra Mundial e o surgimento da µguerra fria¶. A idéia do filme. exorta a disciplina e faz valer o poder superior do grupo sobre os indivíduos. ³A Onda´ é uma metáfora que se aplica. etc. na Itália fascista. Antes de virar filme. foi baseado em um incidente real ocorrido em uma escola secundária norte-americana em 1967. como se fosse ensino µcientífico¶. mais ou menos.O filme ³A onda´ [The wave]1[1] tem início com o professor de história Burt Ross explicando aos seus alunos a atmosfera da Alemanha. na China com a ³revolução cultural´ promovida por Mao Tsé Tung. com 45 minutos. A escola inteira é envolvida no fanatismo d¶A onda. líderes neo-populistas da América Latina. um símbolo gráfico para representar ³A onda´. conseguem enganar uma parte da esquerda resistente a aprender com a história. Experiência pedagógica e política Feito para a televisão. onde a democracia é considerada uma má invenção µburguesa¶ e a política uma prática a ser superada por um µnovo¶ sistema desenhado pelo abstracionismo teórico. a ascensão e o genocídio nazista. o macartismo que desencadeou a ³caça às bruxas´3[3] perseguindo todos os supostos ³comunistas´ nos EUA. A tímida recusa de um aluno o obriga a conviver com ameaças e exclusão do grupo. até que um casal de alunos mais consciente alerta ao professor ter perdido o controle da experiência pedagógica que passou ao domínio da realidade cotidiana da comunidade escolar. filmes assim. podem funcionar como alerta contra pregações doutrinárias que fazem apologia aos totalitarismos de direita ou de esquerda2[2]. na Argentina com Perón. Embora o filme seja uma metáfora de como surgiu o nazi-fascismo e o poder de seus rituais. em 1930. principalmente no período stalinista. e também no chamado µsocialismo real¶ da União Soviética. a qualquer movimento de massa respondente aos apelos de um líder carismático ou de uma causa mítica irracional. era para fazer parte do currículo da escola. Foi assim com os atos criminosos da Ku Klux Klan. recentemente. os governos de direita da América Latina com traços totalitários como foi o de . foi romanceado em livro. para estudar. valendo-se de um discurso tosco antiamericano. µA onda¶ [The wave]. Os questionamentos dos alunos levam o professor a realizar uma arriscada experiência pedagógica que consiste em reproduzir na sala de aula alguns clichês do nazismo: usariam o slogan ³Poder. refletir e se prevenir contra a onda nazifascista que começou no final da década de 30. Muitas vezes. denuncia aos estudantes o sumiço dos sujeitos críticos diante de poder carismático de um líder e do fanatismo por uma causa. Ainda. O professor Ross se declara o líder do movimento da ³onda´. Califórnia. O desfecho do filme é dado pelo professor ao desmascarar a ideologia totalitária que sustenta o movimento d¶A onda .

Grande Guerra. por Jean Marie Le Pen. mas ele não morreu. Também podem ser incluídos. islâmico).Pinochet (Chile). Lembrando alguns traços do fascismo ou µprotofascimo¶ elaborado por Umberto Eco (1995). O µfundamentalismo¶5[5] é a interpretação restrita do livro sagrado de forma a repudiar tudo e todos que não concordem com tal interpretação. surgem grupos de extrema-direita. (que incluem crianças e mulheres). o presente e o futuro da humanidade. os partidos políticos neonazistas abrigados no regime democrático. Bush. os carecas do ABC paulista. A atitude fascista não morreu O nazi-fascismo foi derrotado na 2ª. entre outros menos conhecidos. os grupos neonazistas skinheads espalhados pelo mundo. Assad (Síria). Devem ser. hoje. PCC) cujos atos truculentos faz semelhança com tantos movimentos fascistas italiano. no Afeganistão6[6]. trata-se de um ³terrível simplificador´ que pretende explicar e fornecer uma moral para o passado. Também líderes eleitos democraticamente. etc. é de 1970. que nada tem de socialista ou marxista. alguns agindo abertamente em diversos setores governamentais. mas cujas manobras deixam transparecer traços totalitários (George W. têm conquistado visibilidade na mídia as paradas dos ³homens-bomba´. prisões arbitrárias. que passou pelo governo da Itália. elogios aos feitos do suposto µgrande líder¶. como King Jon Il (Coréia do Norte). espanhol. alerta o psicanalista francês C. No período da ditadura militar. no Paraná. como a TFP (Sociedade da Tradição. e o movimento separatista do Iguaçu. depois 1964. A fundação do Partido Nazista. se valendo de métodos antidemocráticos como a censura. nos EUA. FARC. incluídos os líderes com traços protofascistas (Eco. e mesmo o integralismo. organizados naquele país. Notamos que o traço comum entre estes líderes é a capacidade de fanatizar as massas por uma causa racional ou irracional. diz lutar por uma causa supostamente ³santa´ contra os ³infiéis do mundo ocidental´7[7]. 1995): Berlusconi.Haidern. Também. O que hoje acontece no cenário mundial nos leva a suspeitar que ³ele não morrerá entre nós´. Melman (2000). ambos com intenções de causar uma µonda¶ de cooptação dos jovens para a sua luta ideológica e até terrorista4[4]. judaico. e as escolas de doutrinação islâmica ou madrassas. o regime de apartheid da África do Sul (antes de Nelson Mandela). Hamas. chefiado por J. Recente levantamento realizado nos EUA contou 474 grupos de extrema direita. cujo líder Bin Laden. em 1945. perseguições. ainda. o processo de ³limpeza étnica´ conduzida pelos sérvios nos Bálcãs. Hugo Chávez. Mahmoud Ahmadinejad). usadas como perversão do islamismo e impondo à população a cultura obscurantista Talibã. e líderes totalitários com traço imperial. inclusive com atos contra a . O auge de visibilidade dos efeitos da doutrinação islamofascista parece ser representado pela organização global da Al Qaeda. Família e Propriedade) e o CCC (Comando de Caça aos Comunistas). na Áustria. como parte da onda protofascista (sic) os movimentos fundamentalistas (cristão. e na França. no Brasil. no Brasil. ou de milícias que ocupam o vazio do Estado (Hizbolá.

O fascismo não é uma coisa que outras pessoas fizeram. Ele está aqui mesmo em todos nós. Certamente iriam vestir uma farda. O que faz um povo renegar sua própria história? Pois é assim que a história se repete. Todos vocês teriam sido bons nazi-fascistas. Como é difícil ter que suportar que tudo isso não passou de uma grande vontade e de um sonho´. A ³Nação Ariana¶ e a µIdentidade Cristã¶. Terão ao menos aprendido que somos responsáveis pelos nossos atos. como um cruzada antidemocrática em nome da salvação da democracia. ³O uso da religião para propósitos fascistas e a perversão da religião em um instrumento de propaganda de ódio. Nossa experiência foi um sucesso. Vocês perguntam: como que o povo alemão pode ficar impassível enquanto milhares de inocentes seres humanos eram assassinados? Como alegar que não estavam envolvidos. . virar a cabeça e permitir que seus amigos e vizinhos fos sem perseguidos e destruídos. 2003). Vocês todos vão querer negar o que se passou em ³A onda¶. é uma tática disseminada entre os grupos de extrema direita´ (Carone. ³Vocês trocaram sua liberdade pelo luxo de se sentirem superiores. em Oklahoma City.democracia e ao governo legitimamente constituído. O ataque terrorista que destruiu todo o edifício do governo federal. são considerados pelo FBI como os dois grupos mais perigosos e ameaçadores dos EUA. foi ato de um membro da extrema direita com ligações com o grupo µIdentidade Cristã¶. Vocês devem se interrogar: o que fazer em vez de seguir cegamente um líder? E que pelo resto de suas vidas nunca permitirão que a vontade de um grupo usurpe seus direitos individuais. em 1995.