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OS GIGANTES DA GERIATRIA- OS 5 IS
O maior desafio da Geriatria é o enfrentamento dos problemas mais típicos das pessoas de idade avançada, prevenindo, tratando e cuidando desta parcela da população, identificando e tratando as grandes Síndromes Geriátricas ou Gigantes da Geriatria também chamados “ 5 IS”, que
são: a Imobilidade, a Instabilidade a Incontinência, a Insuficiência cerebral e a Iatrogenia.
O maior desafio da Geriatria é o enfrentamento dos problemas mais típicos das pessoas de idade avançada, prevenindo, tratando e cuidando desta parcela da população, identificando e tratando as grandes Síndromes Geriátricas ou Gigantes da Geriatria também chamados “ 5 IS”, que
são: a Imobilidade, a Instabilidade a Incontinência, a Insuficiência cerebral e a Iatrogenia.
CARACTERÍSTICAS DOS GIGANTES
Essas grandes síndromes têm como atributos a complexidade terapêutica, terapêutica, múltiplas causas, não constituir risco de vida iminente e comprometer severamente a qualidade de vida dos portadores e, muitas vezes, os familiares. Essas síndromes podem-se apresentar isoladas em ou associação e implica em grande dano funcional para o indivíduo, impedindo o desenvolvimento das atividades de vida diária
IATROGENIA
É a alteração maléfica como causa direta ou indireta de intervenção. O conceito não está restrito à prescrição de medicamentos ou à realização de procedimentos, mas também à omissões na abordagem de problemas, que possam ser suprimidos ou minimizados com o uso de medicamentos ou intervenções. Não é exclusivo do médico, estando a iatrogenia relacionada a qualquer ação de um agente de saúde.
IATROGENIA
Podemos citar vários exemplos como imposições dietéticas inadequadas, imobilização no leito que pode acarretar diminuição da força muscular que demandará dias de reabilitação para corrigir o descondicionamento gerado por um dia de repouso. O uso excessivo de medicamentos para tratar vários sintomas concomitantes no idoso pode desencadear sintomaPs indesejáveis e muitas vezes graves. A valorização da opinião médica ou de outros profissionais que ao emitir opiniões equivocadas pode gerar iatrogenia e causar impacto negativo na vida do idoso.
IATROGENIA
Medicamentosa A prescrição de um medicamento é parte de um processo complexo e dinâmico e a decisão para escolha da droga envolve desde conhecimentos de farmacologia até as implicações financeiras para o paciente, muito particularmente, o idoso. Além das doenças infecto-contagiosas que incidem com freqUência nesta faixa etária, somam-se as crônico degenerativas, levando à polifarmácia e ao consequente risco de iatrogenia.
IATROGENIA
Alterações fisiológicas normais que ocorrem com o envelhecimento, como o aumento da gordura corporal, redução do volume intracelular, modificações no metabolismo basal, fluxo sanguíneo hepático e taxa de filtração glomerular, podem ocasionar modificações na absorção e distribuição das drogas e maior sensibilidade aos fármacos, principalmente aos psicoativos.
Cascata iatrogênica Instala-se quando uma intervenção desencadeia outras intervenções e seus malefícios tornam-se superiores aos benefícios. Os efeitos adversos a drogas são mais comuns em idosos porque, habitualmente, utilizam um número maior de medicamentos. Aproximadamente 30% das admissões hospitalares estão ligadas à toxidade e ao uso de drogas por interações medicamentosas. A polifarmácia é o principal fator de risco de efeito adverso das drogas e pode ser devido a disfunção do órgão, alterações nas concentrações das drogas (farmacocinética).
Observa-se que um grande contingente de fraturas de bacia em decorrência de quedas são devidas ao uso de medicações e muitos efeitos adversos apresentado são preveníveis com uma abordagem adequada. Eventos graves que colocam em risco a vida dos pacientes apresentam maior probabilidade de serem evitados comparados com os efeitos menos graves. Os idosos consomem cerca de 30% a 50% do total de drogas prescritas em geral e a automedicação representa 60% de todas as medicações. Isso corresponde a 50% do custo total da medicação utilizada.
IMOBILIDADE Complexo de sinais e sintomas resultantes da limitação de movimentos e da capacidade funcional que geram empecilho à mudança postural e à movimentação corporal. Consequentemente, verifica-se a incapacidade de se deslocar sem auxílio do leito ao sanitário para executar suas necessidades fisiológicas. É a incapacidade de se deslocar sem auxílio para a realização das AVDs. Pode ser parcial, quando o paciente está restrito a uma poltrona, ou total, quando está imobilizado no leito
IMOBILIDADE Advém de múltiplas etiologias associadas com múltiplas consequências: “efeito dominó”. Uma imobilização temporária pode
desencadear uma sucessão de eventos patológicos e complicações subsequentes, tornando o quadro extremamente complexo e que exige o tratamento do paciente como um todo
IMOBILIDADE Sabe-se da necessidade do estimulo à deambulação precoce e manutenção da independência funcional. A imobilidade pode ser causa e consequência de uma série de problemas (neurológicos, músculoesqueléticos, etc.) e predispõe à inúmeras complicações sérias que podem ser até fatais como as úlceras de pressão, pneumonias, embolias, etc. É umas das principais causas de morte acidental em idosos (falta de equilíbrio ou mesmo de mobilidade). Tais incidentes são de grande importância dentro da geriatria pela sua alta ocorrência e pelas sérias consequências que podem acarretar .
IMOBILIDADE Classificação A imobilidade pode ser classificada em: Temporária: fraturas, cirurgias, internações, doenças agudas, infecções; Crônica: demências, depressão grave, astenia, doenças cárdio-respiratórias, dor crônica, neoplasia com metástases ósseas ou do SNC, desequilíbrio, doenças agudas, fraturas e suas complicações, distúrbios de marcha, fobia de queda, sequela de AVC. Pode ser uma forma de manifestação atípica de doença no idoso
IMOBILIDADE
A imobilidade desencadeia uma sucessão de eventos patológicos, o que é comumente chamado de efeito dominó, no qual um evento inicial, por exemplo, uma fratura de fêmur, desencadeia uma série de complicações. Uma imobilização inicialmente temporária pode provocar atrofia e encurtamento muscular, aumento da reabsorção óssea, rigidez articular, úlceras de pressão, incontinência, dificuldade ventilatória propiciando o aparecimento de infecções, constipação intestinal, fenômenos trombo embólicos e estados confusionais.
IMOBILIDADE Complicações mais comuns: Tegumentares: Atrofia de pele; Escoriações; Dermatites, micoses; Úlceras de pressão Respiratórias: Redução da ventilação pulmonar; Pneumonias; Insuficiência respiratória.
IMOBILIDADE Músculo-esqueléticas Osteoporose, artrose e anquilose, fraturas; Atrofia muscular, encurtamento de tendões, hipertonia e contraturas. Cardiovasculares Fenômenos tromboembólicos; Edema. Hipotensão postural.
IMOBILIDADE Urinários: Incontinência urinária; Infecção do trato urinário; Retenção urinária. SNC: Delirium; Piora do déficit cognitivo; Alterações do sono. Digestivas: Desnutrição; Constipação intestinal; Fecaloma;
INSTABILIDADE POSTURAL Além de um problema, a instabilidade postural é um grande desafio para a medicina e enfermagem. Tem como principal consequência a elevada incidência de quedas e outros traumas, com suas repercussões, levando a grandes limitações para a vida e o bem-estar. Além das limitações advindas das repercussões das quedas, a dificuldade para lidar com a insegurança e o medo de cair leva à reclusão e limitação para as atividades habituais.
INSTABILIDADE POSTURAL
A elevada incidência de quedas em idosos é um dos indicadores desta tendência observada na velhice. Deve ser encarada como um dos mais importantes sintomas em geriatria, já que dados epidemiológicos apontam expressivo aumento da mortalidade em idosos que caem com frequência, mesmo se excluindo os óbitos causados pelo trauma.
INSTABILIDADE POSTURAL
Alterações de marcha e equilíbrio
A manutenção da postura e a marcha demandam um grande esforço dos sistemas músculo esquelético e nervoso, não apenas para suportar o corpo, mas também para preservar o equilíbrio. Distúrbios de marcha são comuns e podem ser incapacitantes. Em um estudo, 15% dos indivíduos com mais de 60 anos apresentavam alguma anormalidade de marcha e essas alterações aumentam com a idade.
INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL
Incontinência urinária
Incontinência urinária é definida como a perda de urina involuntária em quantidade ou frequência suficiente para originar um desconforto social ou problemas de saúde. As principais consequências relacionadas à incontinência urinária são: insuficiência renal, Infecção do Trato urinário/ITU, sepse, aumento do risco de quedas e fraturas, maceração da pele e formação de feridas e o impacto psicossocial (isolamento social, depressão, vergonha).
INCONTINÊNCIA URINÁRIA
Calcula-se que 8 a 34% das pessoas acima de 65 anos possuam algum grau de incontinência urinária sendo que atinge cerca de 50% dos idosos institucionalizados e é mais prevalente em mulheres. Constata-se que apenas 50% dos portadores de incontinência urinária procuram consulta por esse motivo.
INCONTINÊNCIA URINÁRIA A incontinência urinária transitória É aquela decorrente de causas externas ao trato urinário que no idoso apresenta uma reserva funcional diminuída. As principais condições que levam o paciente idoso a se tornar incontinente estão listadas e podem ser lembradas utilizando-se o termo mnemônico DIURAMID.
INCONTINÊNCIA URINÁRIA
DIURAMID: Delírium Infecção Uretrite e vaginite atrófica Restrição de mobilidade Aumento do débito cardíaco Medicações Impactação fecal Distúrbios psíquico
INCONTINÊNCIA URINÁRIA Tratamento Dirigido à causa básica e dependerá da abordagem dessas condições, resultando na cura da incontinência em grande parte dos idosos, dispensando investigações mais aprofundadas.
INCONTINÊNCIA FECAL Continência anal é a capacidade em retardar a eliminação de gases ou de fezes até o momento em que for conveniente fazê-lo. Resulta da inter-relação complexa entre volume e consistência do conteúdo retal, capacidade de distensão (complacência retal), sensibilidade retal e a integridade da musculatura esfinctérica anal, bem como sua inervação. A incontinência anal é a incapacidade, em graus variados, de reter a matéria fecal e de evacuá-la de forma voluntária. Trata-se de condição incapacitante, constrangedora e com repercussão socioeconômica significativa
INCONTINÊNCIA FECAL A perda de controle sobre a eliminação de fezes sólidas é denominada de incontinência anal total, enquanto a perda de controle restrito à eliminação de gases ou fezes líquidas é chamada de incontinência anal parcial. A prevalência da incontinência fecal é de 42 por 10.000 indivíduos com idade entre 15 e 64 anos. Na faixa etária acima dos 65 anos, a prevalência é de 109 por 10.000 homens e 133 por 10.000 mulheres
INCONTINÊNCIA FECAL Algumas doenças orificiais, como as hemorróidas, a fístula anal e a fissura anal crônica, podem levar à perda de muco ou pus pelo ânus. Na impactação fecal, que pode ocorrer em alguns casos de grave constipação de trânsito lento ou no megacólon chagásico, as fezes se tornam endurecidas e ressecadas no interior do reto e do sigmóide, o que leva à dilatação reflexa crônica do ânus, que permite a evacuação involuntária de fezes líquidas que ultrapassam as fezes endurecidas (fecaloma) e permeiam o ânus. Esse fenômeno também é conhecido como diarréia paradoxal.
INSUFICIÊNCIA CEREBRAL – INCAPACIDADE COGNITIVA A manifestação da incapacidade cognitiva no idoso pode se dar de diferentes formas como quadros de Delírium, Depressão ou Demência. DELIRIUM: estado clínico caracterizado por distúrbios da cognição, humor, consciência, atenção memória (imediata, registro e retenção), de início agudo ou em sobreposição a distúrbios crônicos da cognição. São desencadeados por infecções, distúrbios metabólicos ou lesões estruturais do SNC .
INSUFICIÊNCIA CEREBRAL – INCAPACIDADE COGNITIVA
DEPRESSÃO: manifesta-se por humor rebaixado, perda de interesse ou prazer com alterações do funcionamento biológico com repercussões importantes sobre a qualidade de vida do indivíduo durante longo espaço de tempo, quando não tratado corretamente. No idoso, pode se manifestar como déficits de memória em graus variados somatizações, ansiedade, alcoolismo ou síndromes álgicas.
INSUFICIÊNCIA CEREBRAL – INCAPACIDADE COGNITIVA
DEMÊNCIA: é definida como uma condição em que as funções encefálicas, particularmente o desempenho intelectual, estão comprometidas a ponto de prejudicar a autonomia e a independência funcional, pressupondo-se a existência de causas. A demência é caracterizada pela deterioração das funções mentais sem perda da consciência. Tem caráter progressivo, interfere no desempenho das Atividades de Vida Diária _ AVD e, em algumas circunstâncias pode ser reversível.
INSUFICIÊNCIA CEREBRAL – INCAPACIDADE COGNITIVA É caracterizada por um transtorno persistente da memória e de duas ou mais funções mentais tais como: a linguagem, a praxia, a gnosia, a abstração, o juízo e conceituação, podendo ser acompanhadas de alterações da personalidade e emocionais. A praxia é a capacidade de idealizar, formular e executar atos voluntários mais complexos. A gnosia é a capacidade de reconhecer e interpretar o que é percebido pelos sentidos, por exemplo, reconhecer e interpretar objetos, estando o sistema sensorial intacto
INSUFICIÊNCIA CEREBRAL – INCAPACIDADE COGNITIVA
A memória é a capacidade de reter e posteriormente fazer uso de uma determinada experiência. A maioria dos idosos se queixa de esquecimentos habituais, que nem sempre tem significado patológico, e, em outras circunstâncias, o distúrbio cognitivo se apresenta através de alterações do comportamento e diminuição da capacidade funcional em decorrência dos distúrbios da memória